EDITORIAL: «O que faz falta é animar Santa Cruz»
Vai começar esta semana mais uma edição do Santa Cruz Ocean Spirit, um festival de desportos de ondas que vai animar aquela localidade costeira torriense até ao dia 27. Trata-se de um evento que começou por ser organizado por um grupo de amigos, amantes dos desportos de mar, que depois se constituíram como associação e, mais tarde, a organização acabou por passar para as mãos da empresa municipal Promotorres.

Gosto do evento, mas para mim a melhor edição ainda continua a ser a primeira. Vários desportos de ondas no mar, de cariz competitivo, mas ainda sem o rigor oficial federativo. Depois a novidade que era aquele acontecimento em pleno areal, com piscina provisória ao centro, bares e restaurante, animação na Aldeia Neptuno com os percussionistas espanhóis e DJ à noite.
O evento evoluiu e andou em busca do formato ideal. Mudou-se para Santa Rita, regressou a Santa Cruz à praia do Centro e voltou a fixar-se naquele pedaço de areia entre as praias do Mirante e do Navio. Houve apostas mais e menos fortes nos concertos musicais, com mais e menos gente, até chegar ao modelo atual, com competições oficiais nas ondas, destacando-se o Eurosurf (etapa do Campeonato da Europa de Surf de Juniores). Durante o dia há várias atividades no areal e na piscina; à noite a atuação de algumas bandas e DJ, de entrada gratuita.
Esta semana foi também anunciada para o dia 2 de agosto a segunda edição do Sempre Living Opera, no Aeródromo de Santa Cruz, evento que o ano passado ultrapassou as expetativas em termos de afluência de público. Vejo muitas semelhanças com o Ocean Spirit, no seu início tímido, levado a cabo por um grupo de amigos, agora constituídos em associação formal.
A iniciativa mereceu honras de polémica aqui nesta página, quando critiquei as reservas dos vereadores da oposição relativamente ao apoio financeiro ao evento por parte da Câmara Municipal de Torres Vedras. Não concordaram sobretudo com o patrocínio público a um evento alegadamente privado. Eu discordei, na medida em que não considero o Sempre Living Opera um evento privado, dado que não tem fins lucrativos e está aberto a todas as pessoas com entrada gratuita. O cerne da questão, porém, é se queremos ou não eventos-âncora em Santa Cruz, como o Carnaval de Verão, o Ocean Spirit e agora este tributo ao Living.
Aliás, realiza-se este fim de semana, em Santa Cruz, um fórum de discussão sobre ideias relativamente àquela estância balnear torriense. Parece-me uma iniciativa interessante que devia acontecer mais vezes, fora até do âmbito de campanha eleitoral. Santa Cruz precisa de debate e acima de tudo necessita que as pessoas decidam o que querem, porque algumas defendem que se deve tornar num local de turismo de massas; e outras advogam que deve continuar a ser um território de sossego, para descansar.
O cartoon desta semana, novamente da autoria de José Sanina, transporta-me até aos tempos da minha infância, tal como, acredito, acontece a toda a gente da minha geração. Se fosse vivo, Vasco Granja tinha completado 100 anos no passado dia 10.
Ficou conhecido como divulgador do cinema de animação e da banda desenhada em Portugal e foi ele quem revelou aos portugueses a famosa Pantera Cor-de-Rosa. Graças a ele ficámos a conhecer, pela RTP, inúmeras personagens do desenho-animado célebres em todo o mundo e também filmes de animação mais exóticos, de países para nós, simples crianças, longínquos e estranhos.