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SÉRGIO TOVAR DE CARVALHO: «Três notas soltas»

  1. Chamam-se bizantinas as discussões sobre assuntos sem importância, aludindo aos debates acesos que se travavam em Bizâncio, quando os turcos se aproximavam para fazer cair o Império Romano do Oriente. E que discutiam os bizantinos, enquanto a soberania do seu país era posta em causa? Discutiam o sexo dos anjos.
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Sérgio Tovar de Carvalho
Sérgio Tovar de Carvalho

Ainda hoje se não sabe se estes são sexuados ou não. Aliás, deles sabe-se muito pouco: um dia, um pintor contratado para fazer um retábulo destinado a uma igreja, tendo-o apresentado ao pároco que o encomendara, ouviu deste com espanto: "Mas... Onde é que o senhor já viu um anjo com sapatos?!"; e naturalmente, respondeu: "E o senhor prior, alguma vez viu algum descalço?".

Ora, o conhecimento sobre esta matéria foi recentemente enriquecido no desenrolar de um julgamento mediático no foro de Lisboa em que se ficou a saber que, submetidos a stress pós-humorístico, tais seres alados podem ganhar acne.

Já os santos, esses, simplesmente não têm costas. Enfim, assuntos do maior interesse para discutir, enquanto a Inteligência Artificial vai amarinhando pelas paredes da fortaleza...

 

2. Numa recente edição deste jornal, J. Moedas Duarte escreveu em linhas claras o que parecia andar a ser sugerido por aí a meia voz: que a dona do Badaladas ponderava vendê-lo! Não acredito, mas ponho à consideração geral se os sinos da igreja também podem ser vendidos. E as partículas oferecidas na missa, podem ser substituídas por pastéis de feijão para vender aos fiéis? E as alfaias religiosas, será possível leiloarem-se na quermesse da Feira de S. Pedro? E o ofertório na missa, passa a derrama paroquial?

Que pensaria o fundador do jornal dessa ideia peregrina? Com a sensatez que lhe ficou lendária, haveria certamente de responder, com um encolher de ombros: "deixá-los falá-los, que eles depois calarar-se-ão".

Há bens que estão fora do comércio. Sobre eles, pode-se e deve-se debater o que for necessário para os conservar. Não tem qualquer sentido pensar-se em aliená-los. Aliás, acho que os torreenses se deviam zangar, só com a ideia!

 

3. Permanece a desgraça no Próximo Oriente, onde dois bandos de criminosos se digladiam tendo no meio dois povos mártires com referência aos quais se pretendem legítimos e sob os quais se escudam.

Sérgio Tovar de Carvalho