TURCIFALANDO: Vamos falar de Saúde… ou a falta dela…
Como é sobejamente conhecido, o nível de prosperidade de um povo é medido através dos seguintes factores: económicos, sociais e ambientais.

A saúde é um dos indicadores incluídos no factor social e mesmo sabendo que este indicador, por si só, se encontra neste momento nos cuidados paliativos a nível nacional, foco-me apenas no regional, mais precisamente no local, na freguesia onde resido, o Turcifal.
Sendo o Turcifal uma freguesia maioritariamente composta por cidadãos adultos jovens e seniores (segundo os censos de 2021), no grupo etário dos 25 aos 64 anos, está concentrada a maioria da população, cabendo o 2.º lugar do pódio aos cidadãos com mais de 65 anos.
Sabendo nós que são estes os grupos etários com maior necessidade de cuidados médicos estamos, desde a saída da Dra. Filomena Vicente (em 2023), sem médico de família e consequentemente apenas assegurados pela urgência do CHO de Torres Vedras ou pelo Centro de Saúde da mesma cidade (onde foi efectuada a minha consulta, mais ou menos um ano após ter solicitado uma consulta de rotina (?)).
Um ano a aguardar uma consulta de rotina, apesar de ser uma longa espera, não me parece assim tão mau (afinal fomos chamados), mas solicitar uma consulta, com alguma urgência, para despiste oncológico porque na família (pai e irmão) há dois casos confirmados de cancro e ainda assim aguardar UM ano, aí já não me parece tão “normal”. É claro que neste “meio tempo”, tivemos de recorrer ao privado, não podíamos aguardar na incerteza quando está confirmado cientificamente e é extremamente defendido pela comunidade médica que a prevenção é o melhor remédio. Fazer exames preventivos regularmente pode salvar vidas! Quanto mais cedo uma doença for detectada, maiores são as hipóteses de tratamento eficaz.
E mesmo com toda esta informação e senso comum quer-me parecer que, por aqui, foi ignorada ou esquecida, pois pouco ou nada foi feito em prol da saúde da comunidade. Apesar do centro de saúde continuar em funcionamento e a administrativa até nos "ajudar no que pode” quando solicitamos informação, a verdade é que tudo deve ser efectuado por telefone ou email e apesar de nos encontrarmos na era da tecnologia, ainda existem muitos utentes com dificuldades nesta matéria, acabando por preferir recorrer fisicamente ao CS ou então solicitam apoio.
Aconteceu comigo, um utente veio pedir se o podia ajudar com algumas questões, queixando-se que agora até pelo telefone era difícil – “Oh menina, agora meteram lá uma máquina a atender o telefone e a gente tem de falar com a máquina. A gente não sabe o que fazer. Ninguém nos diz nada e nem nos ligam”.
Então fiz o teste e realmente quem nos atende é “uma máquina” que nos indica que seremos contatados mais tarde. E efetivamente o contato acontece, mas se tivermos a pouca sorte de não atender a chamada, não voltam a tentar. Será que cada chamada só pode ser respondida com apenas uma tentativa (?), não se tenta uma segunda vez devido à imensa lista de contactos (?)…
A última vez que me dirigi ao CS, fiquei a saber que agora existe um médico que está a efetuar consultas (1x semana), não é médico de família e já está com uma lista de espera gigante. Acredito, pois apesar da “fuga” de utentes para o CS de Torres Vedras (alguns ainda a aguardar que lhes seja atribuído médico), a carência é tão grande que o médico sozinho vai demorar a reduzir a lista de espera.
Nestes tempos de carência de médicos de família, não deveríamos, como dizem os mais velhos: “Se não temos cão, caçamos com gato”. Tentando colmatar esta falta da melhor e mais eficiente forma possível. Quando nos candidatamos a ocupar lugares de governação, de decisão, dizemos sempre que o fazemos para melhorar a vida do nosso povo, então que seja essa a nossa verdadeira prioridade e como, sem saúde nada se faz, não podemos nem devemos não priorizar a saúde.
Poder-se-iam, por exemplo, contratar enfermeiros que fariam consultas onde os utentes mostrariam os últimos exames realizados, onde lhes seriam efectuados os testes de colesterol e diabetes e ainda medição de tensão, peso, no fundo uma consulta que serviria de “triagem”, pois o enfermeiro, conseguiria separar por níveis de urgência, os utentes a chamar à consulta com o médico.
Estas consultas, que poderiam ser efetuadas por ordem de grupo etário, por ordem alfabética, até pela data da última consulta realizada…, serviriam também para actualizar os registos no CS
São apenas ideias, mas não podemos nem devemos baixar os braços, pois apesar de todos os fatores serem importantes, se não houver saúde, não há educação, não há produção, não há economia…, logo sem Saúde não se prospera.
Cristina Santos