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FRANCISCO CRESPO: «Voando sobre um ninho de cucos»

Com uma idade variável não terei obviamente que manter um pensamento estável, bem pelo contrário. O pensamento vai evoluindo para não ficar como o Velho do Restelo. Só que o pensamento terá de evoluir no sentido da modernidade. A conversa mais horrível com os netos é: “no meu tempo…”.

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Francisco Crespo (Médico)
Francisco Crespo (Médico)

Eu adorei ir para Medicina, que é uma arte em evolução permanente em que a verdade de ontem provavelmente hoje já não o é. Tive a grande felicidade de poder fazer todos os exames de Medicina sempre em outubro, pois em agosto ia com o meu colega José Barbas passar visita com os melhores médicos dos vários serviços e fazíamos as férias em setembro. Esta experiência clínica levou-nos mais tarde a podermos criar o Internato Geral Obrigatório, que foi uma mais-valia do nosso curso, contra a aprendizagem teórica, bafienta. Além da opção que fiz, tive a sorte de fazer a formação com o José Barbas, que só teve como notas na Faculdade 19 e 20 valores.

Felizmente o Dr. Arnaud criou o SNS, que soube fazer alianças com os médicos em lugar de fazer a guerra com eles. Foi nessa altura que com muitos colegas defendemos o SNS, contra os que só defendiam os privados. Fiz a opção pelo SNS que me permitiu fazer a formação geral com todas as especialidades ao passar visitas com os colegas em todos os serviços. Especialmente na minha especialidade em que a medicina privada é uma loja de medicina. Infelizmente hoje o SNS está a desaparecer pois o Ministério da Saúde não renova os equipamentos, paga mal ao pessoal que irá para onde? Claro que para o estrangeiro ou privados, que agradecem. É como os professores de língua portuguesa da CPLP que não aproveitamos, bem como os juristas brasileiros. Como não nos mantivemos no Brasil? Terra maravilhosa e povo encantador? Onde andam os médicos de família? Nem nos privados... E onde anda a ministra da Saúde?