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EDITORIAL: «Éramos tão felizes e não sabíamos!»

Segundo uma resolução da ONU, a 11 de junho comemora-se em todo o mundo o Dia Internacional do Brincar. Há outra data, 28 de março, que desde 1999 também é assinalada como Dia do Brincar, criada pela International Toy Library Association e reconhecida pela UNICEF. Depois há vários municípios e escolas que implementam iniciativas no âmbito de algo denominado “Hora do Brincar”.

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Joaquim Ribeiro (Diretor)
Joaquim Ribeiro (Diretor)

Todas estas efemérides têm o objetivo nobre de lembrar a importância de brincar, sobretudo na infância. É algo considerado fundamental para um são desenvolvimento dos jovens, estimula a criatividade, cria resiliência e prepara de forma mais completa os futuros adultos.

Precisamente no passado dia 11 de junho a Escola Básica de São Pedro da Cadeira recebeu Carlos Neto, para quem a brincadeira na infância contribui para adultos melhores. O momento delicado que se vive na política mundial deve-se ao facto de líderes que desempenham atualmente papéis de relevo no contexto geopolítico global terem uma experiência de vida em que falta a componente do brincar: “se tivessem brincado não tomavam as decisões que tomam e que transformam o mundo de modo negativo”, defendeu o professor.

 

A Escola Básica de São Pedro da Cadeira, de construção recente, tem a sorte de possuir um amplo espaço ao ar livre onde os alunos podem dar largas à imaginação e à brincadeira. O pinhal no interior do estabelecimento de ensino foi naquele dia batizado com o nome de Carlos Neto.

Mas há escolas que não têm essa sorte. Se estiverem em ambiente rural conseguem reservar espaço ao ar livre para implementar estas práticas. Mas às vezes mesmo nessas escolas de aldeia isso não é possível e se estivermos a falar de escolas mais urbanas ainda é mais complicado. Essa dicotomia entre campo e cidade sempre existiu, foi sempre mais fácil andar “à solta” nas aldeias, embora nas cidades, noutros tempos que pertencem ao passado, também era possível brincar com os amigos na rua.

Os tempos mudaram e passámos a colocar os nossos filhos dentro de bolhas, tornámo-los mais imaturos, menos capazes de enfrentar dificuldades. A minha geração recorda com saudade o imenso parque de diversões que eram as ruas e os campos, sem telemóvel para avisar os pais, sem qualquer medo dos perigos, que já existiam mas eram desvalorizados. Hoje é bastante positivo que se criem efemérides para promover o brincar e que se criem condições para permitir a brincadeira das crianças, mas, infelizmente, apesar das boas intenções, tudo continua a decorrer em ambiente controlado, com data marcada, com horários fixos e sempre debaixo de vigilância. Éramos tão felizes e não sabíamos!

Joaquim Ribeiro (Diretor)