RITA MIGUEL: «Depressões, negligência e o acesso entre Dois Portos e Sobral de Monte Agraço»
Já passaram mais de dois meses do abatimento do pavimento da estrada nacional 248 em Dois Portos, junto ao cruzamento com a estrada nacional 374, e as suas consequências ainda se fazem sentir. Está desde então encerrada a avenida 25 de Abril em Dois Portos o que, nos tempos que correm, não deixa de ser simbólico.

Num paralelismo com a nossa democracia, também a avenida 25 de Abril vinha sendo deixada ao descaso, com anomalias gritantes e evidentes a quem por lá passava e que simplesmente se foram ignorando e deixando piorar até ficar a avenida intransitável. Culpa-se agora a depressão Martinho pelo seu encerramento, como se antes da depressão Martinho a via estivesse em perfeitas condições e não tivesse esta sido apenas a última gota de água.
Este não é um caso isolado, por todo o concelho se verificam situações semelhantes que se vão empurrando com a barriga, por vezes também em estradas nacionais que representam importantes ligações para a vida e economias locais.
No caso concreto deste acesso, está em causa a circulação de pessoas e de bens entre os concelhos de Torres Vedras e Sobral de Monte Agraço, concelhos vizinhos com grande relação de proximidade. Se no caso dos veículos ligeiros o desvio se faz pela Via Galega, por caminhos sinuosos e sem iluminação, por outro lado para os veículos pesados o percurso demora o dobro já que o desvio tem de ser feito por São Domingos de Carmões.
Nesta via interrompida com centenas de lesados há quem fique pior ainda. É o caso dos habitantes de Moncova e Mouguelas que, graças ao abatimento da estrada, ficaram sem transportes públicos. Até quando? Não se sabe, já que não há estimativa para a reabertura da estrada em causa.
Entretanto, num rasgo de inovação, há cerca de três semanas surgiram semáforos no desvio de Via Galega. Supunha-se que estes semáforos serviriam para facilitar o trânsito e evitar acidentes, no entanto os semáforos em questão apresentam-se continuamente em amarelo intermitente, o que vem apenas trazer entropia ao trânsito já de si complicado.
Este tema pode parecer menor para quem não é afectado, mas para quem utiliza esta estrada no seu dia-a-dia, para quem ficou sem os poucos transportes públicos que ainda circulavam na sua aldeia, para quem precisa de um transporte de emergência, até para quem precisa de fazer o seu trabalho e transportar bens entre os concelhos, esta é uma enorme dor de cabeça.
Tal como já foi feito publicamente pelo município de Sobral de Monte Agraço, também a Comissão Concelhia do PCP de Torres Vedras apela às Infraestruturas de Portugal para que resolva urgentemente esta situação e dêem resposta à população afectada.
A Comissão Concelhia do PCP de Torres Vedras exige ainda ao município de Torres Vedras que faça o seu trabalho e resolva a falta de transportes públicos para as populações de Moncova e Mouguelas.
É um mistério a falta de uma tomada de posição da Câmara Municipal de Torres Vedras sobre este assunto, mas mais ainda dos vereadores eleitos da oposição. Não será parte do seu trabalho enquanto oposição que escrutina o executivo? Não representam eles a população da freguesia de Dois Portos? Será este um não assunto nas suas ocupadas agendas? E não fará também parte das suas responsabilidades a defesa dos interesses dos munícipes, nomeadamente identificando e denunciando as estradas em mau estado, exigindo ao executivo que interceda pela devida manutenção das mesmas, antes que seja tarde demais?
É pela oposição activa, exigente, efectiva que me candidato como cabeça de lista à Câmara Municipal de Torres Vedras. É hora de Torres Vedras voltar a ter um vereador que represente a população e os seus interesses. É hora do lema da CDU: trabalho, honestidade, competência.
Rita Miguel
(Comissão Concelhia do PCP Torres Vedras,
Candidata à Câmara Municipal de Torres Vedras)