Saltar para o conteúdo principal

EDITORIAL: «Revisão da matéria dada!...»

No último editorial referi-me aos 77 anos de publicação do Badaladas e ao trabalho que tem sido desenvolvido nestes últimos tempos. Face aos tempos difíceis que atravessa toda a imprensa, foi necessário tomar medidas internas de impacto externo, para desenvolver o jornal. Houve e há a necessidade de ações conjunturais, no imediato, que, contudo, servem apenas como pensos-rápidos. São indispensáveis, sobretudo, medidas estruturais, que garantam a sustentabilidade imediata e futura.

3 min de leitura
Joaquim Ribeiro (Diretor)
Joaquim Ribeiro (Diretor)

Infelizmente, aquilo que parecia poder resolver-se em seis meses, ainda não se conseguiu concluir em mais de três anos. E, pelos vistos, não vai acontecer tão depressa. Uma tão grande lentidão de processos não é compatível com o estado de emergência em que vive a imprensa local.

Embora talvez nem 50 por cento esteja feito, já se avançou alguma coisa. Graças a um projeto de transição digital foi possível dotar o jornal de algum equipamento mais moderno, nomeadamente computadores portáteis para os jornalistas e um novo sistema de paginação para substituir o anterior, totalmente obsoleto. No mesmo projeto esteve incluído o novo website do jornal, já online há alguns meses.

Atendendo à localização das instalações do jornal e à extensão do concelho de Torres Vedras, a mobilidade é essencial para o nosso trabalho. Daí que seja fundamental termos viaturas para deslocações. Neste capítulo temos de fazer um agradecimento especial à empresa Tecline e ao seu administrador, António Ferreira dos Anjos, pela parceria que nos permite termos uma viatura ao nosso serviço. Temos outro carro já com 25 anos e que precisa de substituição, por isso estamos abertos a negociar outra proposta de parceria que nos permita também trocar essa viatura.

Os tempos não estão fáceis. Muito trabalho foi feito, mas muito há ainda para fazer. Infelizmente há obstáculos e resistências, externas e internas, que atrasam ou inviabilizam muitas medidas que deviam ser tomadas. Acresce que foi orquestrada uma campanha de destruição da imprensa e descredibilização do jornalismo. Foi montada uma armadilha tão eficaz que os próprios editores e jornalistas acabaram por se tornar cúmplices da degradação de uma atividade indispensável em democracia. Os resultados, aliás, já são bem visíveis.

Deixo como exemplo as várias reclamações por não termos dado mais destaque aos resultados das últimas eleições legislativas. Por isso publicamos esta semana esses resultados, para que não nos crucifiquem mais. Como se pode apreciar, ocupa duas páginas e obrigou a muitas horas de trabalho, algo que, neste momento da vida do Badaladas, é extremamente complicado. Atualmente não nos podemos dar ao “luxo” de dedicar tanto espaço e tantas horas a uma notícia. Em tempos foi fácil, agora já não é.

Com a aproximação das eleições autárquicas surgem também as habituais pressões e “recados”, o que em condições normais seria encarado com naturalidade. Mas os tempos que vivemos não são “normais” e não temos condições psicológicas para enfrentar mais uma campanha eleitoral, que nos obriga a um gigantesco esforço de acompanhar candidatos e inaugurações de final de mandato por todo o concelho. E depois, como é costume, receber críticas sistemáticas e sistematizadas sobre os espaços atribuídos às diferentes candidaturas, coisa da ordem dos centímetros, mas que ofuscam o conteúdo em detrimento da forma.

Portanto, a não ser que, entretanto, alguma coisa se altere, decidimos não realizar a cobertura jornalística das eleições autárquicas, incluindo as habituais entrevistas aos candidatos. É pena e é doloroso tomar esta decisão, em prejuízo de um melhor esclarecimento dos leitores. Mas mais doloroso seria sujeitar os nossos jornalistas a uma pressão física e mental que, por vários motivos que não interessa agora dissecar, não estarão no tempo atual preparados para enfrentar.