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ARTUR DA ROCHA MACHADO: «Eleições Legislativas 2025: o pesadelo do dia seguinte»

Concluída a campanha eleitoral, foi feita a avaliação das prestações partidárias. A surpresa não se fez esperar: uma hecatombe para alguns partidos. Há quem ignore ou não queira ver que a sociedade portuguesa está em mudança, dispondo de um eleitorado velho e acomodado e de uma juventude mais racional que não é atraída por discursos bacocos e de banalidades. Os Portugueses exigem dos políticos muito mais. Exigem sensatez, respeito e confiabilidade. Saliente-se, porém, que o estado a que a política portuguesa chegou no presente, deve bastante à ação do Senhor ex-Primeiro-Ministro Dr. António Costa e do Senhor Presidente da República, Doutor Marcelo Rebelo de Sousa. Na verdade, a política deve ser muito mais do que um jogo de viciados, assim o exige a honra e o respeito que os cidadãos merecem. Os Portugueses foram profundamente ofendidos e maltratados nestes últimos anos. Hoje, impõe-se credibilizar a vida pública e política se quisermos mudar de vida e encontrar novo rumo. Sobre os resultados destas eleições legislativas cabe aos partidos fazer uma reflexão profunda, que deve ir muito para além da mera análise dos resultados. A sociedade política está doente, em grande parte por culpa dos partidos do Poder. Não há razões para grandes festejos, mas para refletir procurando as causas do que sucedeu. Esta reflexão é essencial. Urge rever a cobardia do politicamente correto e dizer o que deve ser dito. Foi isso que o CHEGA fez. Aprendam. A universidade da vida é uma escola de aprendizagem contínua para todos.

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Artur da Rocha Machado
Artur da Rocha Machado

Montenegro resistiu, afirmou-se saindo vitorioso e reforçado, porque os Portugueses acreditaram nele e porque querem estabilidade, segurança e condições que lhes permitam fazer a sua vida com tranquilidade, dignidade, respeito e previsibilidade. Pedro Nuno Santos, que nunca deveria ter sido escolhido para líder do PS, por não ter o perfil adequado, cometeu erros imperdoáveis. Discursou atacando sistemática e patologicamente Montenegro por causa da sua empresa Spinumviva, com fundamento ou sem ele, num ato que se revelaria autofágico. Ao atacar a pessoa (Montenegro) e não as suas ideias, reativou emoções e reações sociais, condenatórias do seu comportamento. A obsessão de Pedro Nuno e a sua arrogância de moralista de serviço, foram fatais para a sua ambição. Coisas de políticos naïfs e insensatos. Saliente-se, porém, que o declínio do PS já tinha começado bastante antes com os governos de António Costa, que desprezou o País e os Portugueses para construir o seu futuro na Europa. Porém, Pedro Nuno Santos acabou por ser o grande derrotado para a opinião pública. O CHEGA foi o grande vencedor da noite de eleições legislativas. É um caso que deve merecer atenção e estudo, obrigando os outros partidos a mudarem de atitude e da forma como olham para aquele partido. Recorda-se que Salazar não morreu. Existe por aí um pouco da sua herança por toda a parte. Mesmo que os cidadãos não se apercebam disso, seguem aqui e além os seus desígnios. Ventura tem um discurso direto, emocional e ousado que agrada a muitos cidadãos e, independentemente de outras conjeturas, inspira confiança em muitos Portugueses que acreditam em quem lhes transmita certeza e segurança. A juventude gosta e tende a acreditar nas suas palavras, agora que descrê dos políticos tradicionais desgastados e desfasados do tempo. É um caso para ter em conta. Não é de surpreender que possa vir a chegar ao Poder mais cedo do que seria esperado. É bom lembrar que a democracia é uma construção humana frágil. Deve ser cuidada e defendida. A Iniciativa Liberal (IL) cresceu suavemente, mas cresceu de 8 para 9 deputados. O LIVRE tende a afirmar-se, aparentemente cafreando o BE (Bloco de Esquerda). Nestas eleições legislativas subiu de 4 para 6 deputados. Um indicador considerável. O discurso usado atraiu o voto. O PCP vai continuando a sua lenta agonia, embora resistindo de pé, como as árvores. Das últimas eleições legislativas para as atuais, perdeu um deputado. Elegeu nestas eleições legislativas 3 deputados. Menos 1 deputado do que nas eleições anteriores (2024). Depois seguem-se os partidos da trotinete, cada um com 1 deputado eleito. São eles, o BE que passou da eleição de 4 deputados em 2024, para 1 deputado nas eleições legislativas de 2025. É o definhamento esperado. O PAN manteve nas atuais eleições legislativas de 2025 o mesmo resultado das eleições de 2024, ou seja, 1 deputado. Realça-se a combatividade da Coordenadora do PAN. O JPP (Juntos Pelo Povo) elegeu 1 deputado na Madeira. Os restantes partidos concorrentes às eleições legislativas não elegeram deputados. Em termos concretos, o panorama político-partidário alargou-se de 8 para 9 partidos. Esperemos para ver o que vai suceder e como vai funcionar a governação.