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EDITORIAL: «O “desprezo” das empresas e as coincidências»

Há um ano foi lançada a tradução para português do livro Querido Edward, escrito em 2020 pela escritora americana Ann Napolitano. Resumidamente, conta a história de Edward Adler, de 12 anos, que, com a sua família e outros 183 passageiros, embarcaram num voo com destino a Los Angeles. A meio da viagem o avião cai e Edward é o único sobrevivente.

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Joaquim Ribeiro (Diretor)
Joaquim Ribeiro (Diretor)

A narrativa prossegue com Edward em luta “por encontrar um lugar num mundo sem a família, mesmo sentindo que parte de si foi deixada no céu, ficando para sempre ligada ao avião e a todos os seus companheiros de viagem. E nesse longo processo de descoberta - de si próprio, do passado, do mundo que o rodeia -, ver-se-á diante de perguntas difíceis: quando se perde tudo, como encontrar forças para recomeçar? Como reaprender a sentirmo-nos seguros? Como reencontrar sentido na vida?”, explica a sinopse do livro, editado pela TopSeller. Viria a ser adaptado a série de televisão pela Apple TV, com dez episódios.

 

No dia 12 de junho deste ano um avião da Air Índia despenhou-se ao levantar voo, matando mais de 260 pessoas, entre passageiros e moradores do bairro atingido pela aeronave. Milagrosamente houve apenas um sobrevivente, Ramesh Viswashkumar, um britânico de origem indiana. Escapou quase ileso, apenas com ligeiros ferimentos. Estava sentado no lugar 11A, ao contrário de Edward, que estava no 31A. Ramesh sofreu queimaduras na mão esquerda e saiu do local do acidente pelos seus próprios meios, embora em estado de choque, antes de ser socorrido pelos moradores locais e levado ao hospital numa ambulância.

Será coincidência? Foi premonição de Ann Napolitano? Não faço a mínima ideia e, confesso, acredito pouco em situações que a ciência não consegue explicar, mas tenho aquela atitude prudente de não menosprezar uma ciência que à partida desconheço. Portanto, não sei.

Entre as duas histórias há poucas semelhanças. Edward ficou sem família, enquanto Ramesh perdeu um irmão, que morreu no acidente, mas deixou em casa a mulher e um filho.

 

As coincidências são um pouco como as bruxas. Eu não acredito nelas, mas que as há, há. Por isso também não sei como considerar o facto de na última edição do Badaladas não termos um único anúncio de uma empresa presente na Feira de S. Pedro, com exceção da Promotorres e da Caixa Agrícola, mas essas são clientes habituais.

Eu sei que o jornal também devia ser mais proativo na procura de publicidade. Um departamento comercial é fundamental nos dias que correm. Mas, independentemente disso, não há justificação para a total ausência de anúncios de empresas torrienses (estão cerca de 380 na Feira de S. Pedro) no Badaladas, porque para o envio de marketing sabem contactar-nos, mas para ajudar a sustentabilidade do único jornal do concelho parece que se esqueceram, de repente, da nossa morada. Será coincidência? Ou será que é o resultado de outros fatores, como as décadas de críticas ferozes ao jornal, por parte de certos setores da sociedade torriense, ultimamente mais assanhados pela crispação e radicalização crescente visando o jornalismo em geral?

Resta-me só lembrar que, para escrever Querido Edward, Ann Napolitano inspirou-se na história de um miúdo holandês de nove anos que, em 12 de maio de 2010, foi o único sobrevivente do voo 771 da companhia líbia Afriqiyah Airlines. O avião caiu ao aproximar-se do aeroporto internacional de Trípoli e as 104 pessoas que estavam a bordo morreram, exceto o tal garoto holandês, que perdeu os pais e o irmão na tragédia. Pois é, coincidências há muitas, mas nem todas são autênticas!