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ARTUR DA ROCHA MACHADO: «Do debate entre os candidatos a primeiro-ministro à campanha eleitoral»

Teve lugar no dia 30 de Abril de 2025 o debate político entre os dois candidatos a Primeiro-Ministro, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos.

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Artur da Rocha Machado
Artur da Rocha Machado

Tal debate era aguardado com expectativa por muitos Portugueses, que esperavam esclarecer-se quanto aos projetos que cada um deles tinha para o País. Contudo, foi uma desilusão ter-se assistido a um confronto rotineiro, obsessivo e com escassas novidades. O Partido Socialista tem um património social e político que deverá ser entregue a quem o saiba defender com dignidade e com a grandeza que merece. Neste momento isso não acontece. Os ensinamentos das madraças partidárias são insuficientes. É preciso outra preparação técnica, acompanhada por elevada envergadura cultural e política. Montenegro, líder da AD fez pela vida, criando a sua empresa. Mas, ao que parece, não cumpriu o que lhe era exigido pelas funções que exerce como Primeiro-Ministro de Portugal. Do ponto de vista da governação foi fazendo o que podia com várias falhas pelo caminho, mas mesmo assim com a necessária habilidade para assegurar a estabilidade e consistência. Foi claro que no debate faltou aos candidatos a grandeza de ideias e projetos para o país que os cidadãos esperavam. Os candidatos ficaram-se pelo enunciar de falhas e de ataques mútuos, nem sempre serenos e convenientes. Propostas mais ou menos ambiciosas para o País não apareceram, o que teria sido muito positivo. Tratou-se, por isso, de um debate pouco interessante e por vezes insonso, agressivo e birrento. A política como arte maior de gestão de um país, como deve ser, não correspondeu às expectativas dos cidadãos, pois é muito mais do que aquilo a que se assistiu. Comparando os dois candidatos a primeiro-ministro, denotou-se uma melhor preparação de Montenegro, já que, pelas funções que ainda exerce, está em melhores condições para continuar a exercer o cargo. Pedro Nuno Santos tentou fazer o seu melhor, mas mesmo assim revelou-se insuficiente, caindo sempre em assuntos já gastos, cansativos e incapazes de interessar os ouvintes. Entende-se e é consensual que qualquer político que se preze deve ter uma formação técnica sólida acrescida de uma formação política abrangente, nomeadamente em políticas públicas. Terá sido a ausência destes pressupostos que fez com que o debate a que se assistiu declinasse para caminhos desinteressantes, gastos e claramente dispensáveis pelos ouvintes. A ausência de ideias novas, construtivas e futuras foi evidente e desmotivador.

Pretende-se aqui realçar que o político deve ter a sua vida profissional própria, evitando tornar-se parasita do regime e do orçamento do Estado, pois isso fomenta a tendência para o tráfico de influências e para a corrupção, o que deve ser prevenido. Por outro lado, ter e/ou exercer uma atividade profissional, é essencial para compreender a realidade da vida e as exigências de uma profissão. É plausível que todo o político tenha uma atividade profissional própria não dependendo da política para sobreviver. O exercício de cargos políticos deve ser um ato nobre de Serviço Público dignificante e honroso e por tempo limitado (1 ou 2 mandatos). Todos os cidadãos que desejem ser políticos devem ter essa oportunidade tendo acesso ao desempenho de funções políticas, devendo estas ser temporárias, como se compreende.

O que tem sido publicado na comunicação social sobre a empresa de Montenegro tornou-se uma telenovela dispensável e pouco dignificante para a atividade política e para a democracia. A opinião corrente do eleitorado nesta fase da campanha para as eleições legislativas, parece tender a castigar a esquerda e a extrema-esquerda. A campanha eleitoral em curso tem-se revelado pouco empática, não augurando mudança significativa de opinião dos eleitores. Por isso, espera-se que prevaleça a maturidade política dos Portugueses que acabará por ser determinante da sua decisão, com a serenidade e responsabilidade que o ato requer.

As picardias e arrufadas entre os candidatos a primeiro-ministro (Pedro Nuno Santos – Luís Montenegro) não ajudaram ao esclarecimento dos cidadãos por se terem desviado das suas verdadeiras finalidades. Tal facto levará os cidadãos-eleitores a fazer a sua escolha, de acordo com as suas perceções e convicções. Com a campanha eleitoral a decorrer, resta aguardar os resultados eleitorais de 18 de Maio de 2025. É provável que venham a acontecer algumas mudanças no panorama eleitoral partidário. Aguarde-se os resultados.