RUI SANTOS: «Eleições Autárquicas 2025»
Este ano, algures entre 22 de setembro e 14 de outubro, os portugueses vão ser uma vez mais chamados a elegerem os seus autarcas.

O concelho de Torres Vedras, que viu o número das suas freguesias aumentar de 13 para 15 (Maceira e Runa), já se encontra em plena pré-campanha eleitoral. Depois de conhecidos todos ou quase todos os candidatos, eis que a maratona começou: os outdoors já são visíveis nos locais mais movimentados; as redes sociais já fervilham com provocações, ataques e contra-ataques; e os políticos já pululam um pouco por todo o lado. Quer seja uma romaria, um acontecimento desportivo ou uma qualquer celebração, tudo lhes serve a preceito para se mostrarem. No fundo, é normal que assim seja e nada tem de errado, a democracia vive também destes fervorosos períodos cíclicos. As entrevistas vão acontecer, os debates (espera-se) irão suceder-se e as promessas, essas, desabrocharão a cada lugar-comum, expressão gasta ou frase usada. As trivialidades ganharão, naturalmente, terreno a tudo o mais. É assim, deste jeito, mais ou menos repetitivo, que os “pretendentes” aos cargos se apresentam às populações, na tentativa de angariarem mais votos e vencerem as eleições.
É bom, no entanto, que a ponderação e o bom senso imperem nesta fase em que, tendencialmente, a ânsia de prometer pode superar a razoabilidade.
O concelho de Torres Vedras continua na vanguarda, tentando acompanhar os tempos e posicionando-se como uma das mais importantes e prósperas regiões do país. E não queremos perder essa áurea.
Será uma enorme mais-valia para todos os eleitores se os vários candidatos se colocarem numa lógica construtiva, não enveredando pela fulanização e a maledicência. É triste verificar a forma como certas pessoas com responsabilidades nessa área se conseguem comportar como meros “comparsas”, tal é a forma reles como usam as redes sociais para destratar eventuais adversários políticos, ou, simplesmente, alguém que pensa diferente deles.
Os que continuam a pensar que são os Donos Disto Tudo, ainda não perceberam que os tempos mudaram e que a razão não está do lado de quem a tenta impor, mas, antes, de quem conseguir provar que ela está do seu lado.
O nosso concelho tem em carteira alguns projetos estruturantes e de extrema importância para o seu desenvolvimento, sendo as duas primeiras ligadas à saúde: a Escola Superior de Medicina, nas antigas instalações dos SMAS; e o Medicina ULisboa – Campus de Torres Vedras, no antigo Hospital Dr. José Maria Antunes, no Barro; a ligação da A8 às Palhagueiras com todas as vantagens empresariais e turísticas; a Regeneração Urbana da área de Arenes, com múltiplas possibilidades que vão da educação ao desporto, passando pela cultura, transportes e urbanismo.
No entanto, existem várias lacunas que necessitam urgentemente de tratamento, um pouco por todo o concelho: o drama em que se transformou o trânsito dentro de Torres Vedras e a sua caótica mobilidade em geral; a rede viária municipal com carências de manutenção; a falta de habitações, principalmente dirigida aos jovens e aos mais carenciados; os desequilíbrios e desigualdades entre o litoral e o interior do concelho e a que raramente o Orçamento Participativo contempla; a falta de aproveitamento hídrico dos nossos principais rios, quer seja com propósitos ambientais ou agrícolas; a degradação e a falta de algumas unidades locais de saúde, e (embora não sendo uma responsabilidade direta do Município) a que se junta a falta de profissionais no setor; uma aposta mais firme e ambiciosa no turismo. Não falta nada no nosso concelho, desde a praia, ao campo e às serras, para não falar nas termas; a falta de condições para o desenvolvimento do comércio local, que todas as semanas assiste ao encerramento de mais estabelecimentos; políticas mais assertivas e direcionadas para a cultura e para o desporto, áreas que carecem nomeadamente de infraestruturas adequadas (uma boa sala de espetáculos, um estádio e um pavilhão).
Em suma, Torres Vedras tem de continuar a liderar e a apostar na grandeza de muitos dos seus projetos, limitar-se a conceder grandiosidade ao Carnaval, à Feira de São Pedro e ao Ocean Spirit é muito redutor para o concelho mais pujante da região Oeste.
Torres Vedras não se pode dar ao luxo de parar, nem sequer de estacionar. Se não se apostar fortemente no desenvolvimento sustentado, seremos facilmente ultrapassados.
Daí, um apelo a todos os que são ou serão candidatos à Câmara da nossa terra: não enveredem pela demagogia e apresentem programas audazes, mas coerentes com as nossas capacidades e necessidades. Tenham as pessoas sempre em primeiro lugar, não deixando ninguém para trás. Discutam ideias em vez de ideais (embora estes sejam deveras importantes), debatam o futuro, em detrimento do passado e julguem com a lógica da elevação e da educação. Só assim, servirão os interesses de Torres Vedras, do seu concelho e da sua população.