Saltar para o conteúdo principal

Estudo aponta os limites da capacidade de carga recreativa das praias de Torres Vedras

Apresentado no passado dia 16 de maio, no Centro para a Sustentabilidade do Mar e Zonas Costeiras de Porto Novo, o Estudo da capacidade de carga recreativa das praias de Torres Vedras concluiu que ainda não foram atingidos os limites de saturação no que diz respeito à prática do surf. Há espaço para mais escolas e mais praticantes, de acordo com o documento, mas há limites para que todos possam operar com qualidade e segurança.

3 min de leitura
Foto: Eunice Francisco
Foto: Eunice Francisco

O estudo, adjudicado pela Câmara Municipal à Associação de Escolas de Surf de Portugal (AESP) e realizado por um conjunto de especialistas nacionais e internacionais, constitui-se como uma ferramenta para orientar a autarquia na gestão e o ordenamento das praias, antes de se atingirem os limites inaceitáveis de crescimento da prática do surf, que podem gerar conflitos nas praias e a insatisfação das comunidades locais, furto da sobrecarga e exploração de recursos naturais.

Esta é uma informação relevante para o município, que tem como principal objetivo a preservação dos recursos naturais, explicou Dulcineia Ramos, vereadora do Ambiente e do Turismo, dando nota de que foram, entretanto, licenciados dois novos operadores locais após o estudo.

O concelho conta agora com 11 escolas de surf, um número considerado confortável do ponto de vista dos utilizadores, de acordo com as conclusões do estudo, que indica “risco elevado de sobrelotação e consequências nefastas para todos os stakeholders”, se forem emitidas mais de 12 licenças e uma “situação insustentável”, no caso de existirem mais de 15 operadores no território.

“Inovador em Portugal”, este trabalho incidiu sobre 12 praias do concelho, tendo por base 27 entrevistas a escolas de surf, surfistas locais, concessionários, Associação Sealand e Clube Naval da Praia da Assenta, realizadas entre novembro de 2023 e fevereiro de 2024, bem como 1028 inquéritos no terreno, a banhistas e surfistas, durante o verão de 2024. Foi ainda realizada a contagem do número de praticantes nas praias entre novembro de 2023 e outubro de 2024.

O estudo recomenda à autarquia “um modelo de turismo de surf focado no valor e na qualidade da experiência, em detrimento de um modelo que privilegie o volume, permitindo diferenciar o destino Torres Vedras pela qualidade”, nomeadamente pela tranquilidade e a possibilidade de surfar ondas de elevada qualidade com poucas pessoas, referiu Afonso Teixeira, diretor-executivo da AESP.

Propõe ainda que a autarquia incentive e crie condições necessários para o aumento dos serviços disponíveis na orla costeira durante o inverno, para combater a sazonalidade e atrair surfistas mais experientes; acompanhe e monitorize permanentemente o estado da procura e da carga das praias nas diversas modalidades, de forma a perceber a sua evolução; dissemine um código de conduta para os utilizadores das praias visitantes, com destaque para os surfistas, com base nas regras de comportamento no surf; e planear o trabalho de alisamento das areias feito antes do verão, em conjunto com

a comunidade de surf local, para que não prejudique as condições locais e, se possível, as melhore.