PSP de Torres Vedras premiou jovens pelas suas boas ações

Os jovens e os seus familiares foram recebidos na esquadra no passado dia 18, pelo comandante, o comissário Flávio Borges, e pela equipa do programa Escola Segura, responsável pela iniciativa, para uma cerimónia de atribuição de prémios. Um momento simples, “mas digno e repleto de significado”, disse aquele responsável.

A agente principal Rosa Cunha, uma das principais mentoras do projeto, explica que o desafio surgiu da vontade da PSP em mostrar que todos os dias há atos de bondade a acontecer. São gestos diários de camaradagem e de amizade, gestos simples a atos mais complexos, mas que revelam bondade e positividade.

Infelizmente, são os problemas e os conflitos que acabam por ter maior destaque quando “as escolas são locais felizes, onde todos os dias acontecem coisas muito boas e que ninguém repara”, sublinha a agente.

São esses pequenos e grandes gestos que a PSP quer tornar visíveis, dando voz a quem todos os dias ajuda a construir uma escola melhor, e reforçando em simultâneo a sua relação com os jovens e a comunidade escolar.

O projeto foi divulgado junto de todas as turmas da Escola Secundária Henriques Nogueira, no início do segundo semestre, e incentivou os alunos a inscrevem outros colegas que tenham praticado boas ações.

Esta iniciativa contou com o apoio da Câmara Municipal de Torres Vedras e da Promotorres. A PSP gostaria de alargar este desafio a outras escolas e contar com mais parceiros e, claro, maior número de inscrições por parte dos jovens, que ainda estão retraídos. Se, por um lado a sociedade parece desvalorizar os atos de bondade, os jovens também se “sentem envergonhados, não querem ser apontados. Há o estigma de sinalizar o outro, de chamar a atenção e de ser mal interpretado”, explica Rosa Cunha. Talvez a falta de confiança seja uma questão a ultrapassar, diz ao nosso jornal Leonor Crispim, de 17 anos, que desafia os colegas a participarem na próxima edição deste desafio.

Num dia que poderia ser como outro qualquer, um “som diferente”, que depois identificaram como o miado aflito de um gato, levou o Gonçalo Neves, de 16 anos, e o Tiago Almeida, de 17, ao encontro de um animal preso no portão de uma garagem, na cidade. Os dois jovens escolheram não ignorar e tentaram levantar o pesado portão de ferro para que o gato conseguisse soltar-se. “Nem pensámos, foi uma reação natural, algo lógico”, contam os dois amigos, que viram depois o animal fugir rapidamente do local, sem que pudessem fazer mais nada por ele. “Não faria nada diferente”, contam os jovens, que ainda ficaram a pensar na preocupação dos donos com o possível desaparecimento do animal. No dia seguinte, regressaram à escola com “uma ganda história para contar”.

Foi a amiga e colega Leonor Crispim quem inscreveu os dois amigos no projeto da PSP, assim que soube da sua boa ação. Leonor Crispim fala com orgulho dos amigos, “que são mesmo pessoas boas, que fazem boas ações”. A jovem acredita no impacto positivo das boas ações e defende que quem pratica o bem é sempre recompensado.

Esta atitude dos jovens foi agora premiada pela PSP. “A capacidade de nos comovermos com o sofrimento alheio, mesmo de um animal, é o que nos faz evoluir como sociedade”, sublinhou Rosa Cunha.

Os três jovens receberam vouchers da Stapples, bilhetes para o concerto do Plutónio e kits para o Carnaval 2026. Estes últimos vão ser entregues numa cerimónia a realizar no início do próximo ano letivo.

Miguel Neto, da Divisão de Educação da Câmara Municipal de Torres Vedras, deu os parabéns à iniciativa da polícia, tão relevante num contexto em que “andamos todos assoberbados de coisas más”, e na expetativa de que estas ações sirvam de inspiração para outros e se repliquem.

Aquele responsável acredita que o envolvimento da PSP em iniciativas positivas faz todo o sentido, “não é só quando há algo errado nas escolas”.

Rui Penetra, presidente do conselho de administração da Promotorres, felicitou os jovens e as suas famílias e salientou que “muito destas boas práticas vêm de casa”.