Corso de domingo e a “disfunção do 25 de Abril”
O primeiro corso diurno saiu à rua no passado domingo, dia 2 de março, com seis carros alegóricos e o carro dos Reis, aos quais se juntaram as várias associações carnavalescas, cabeçudos, matrafonas, zés-pereiras, bombos, cavalinhos e 36 grupos de mascarados.
A festa contou com milhares de foliões, marcada uma vez mais pela sátira política e social, com o tema “50 anos, 25 de Abril”. Salgueiro Maia e Salazar são os protagonistas de um dos principais carros alegóricos do desfile, que simboliza a ironia de uma revolução inacabada, a queda da ditadura e os desafios de concretizar as promessas da Liberdade.
Da sátira não escapam nem as figuras do executivo municipal, caricaturadas num dos carros alegóricos a chamar as atenções para Santa Cruz e os seus desafios. A política nacional é apresentada a bordo de um instável “Putanic”, com o foco nas eleições que resultaram num governo minoritário. Os líderes mundiais, por sua vez, seguem na “Cagada global”, uma crítica à forma como priorizam interesses egoístas e lucros ilícitos provenientes da guerra, ignorando o sofrimento humano. O carro dedicado ao desporto aponta o dedo ao fanatismo pelo futebol. Já o Zé Povinho é retratado a ser queimado na fogueira da inquisição moderna, por discordar da ideologia dominante, num carro que satiriza a política do cancelamento social.
Ao final do dia, entraram no corso os carros espontâneos e o Tó’Candar, com a Banda Baco. A folia continuou pela noite fora, com a presença de DJs Carnaval nos Jardins de Santiago, no Mercado Municipal e na Praça Dr. Alberto Avelino.
