Associação de Dadores de Sangue faz apelo à mobilização da comunidade
A Associação de Dadores de Sangue de Torres Vedras (ADSTV) comemorou o seu 29.º aniversário no passado dia 27 de junho, com um jantar de convívio realizado na associação do Sarge. O momento foi vivido em ambiente familiar, celebrando quase três décadas de dedicação à nobre missão de salvar vidas.

Fundada a 27 de junho de 1996, a ADSTV mantém-se como a principal responsável pelo fornecimento de sangue ao Centro de Sangue de Lisboa, numa vasta área entre Santarém e o Algarve. “É uma herança pesada, mas assumida com responsabilidade”, afirmou Luís Oliveira, presidente da direção da associação, sublinhando a importância do trabalho das anteriores direções e da atual equipa, que abdica do tempo com a família para garantir que não falte sangue nos hospitais.
Ao longo de 29 anos, a associação tem-se pautado pela continuidade, pela experiência transmitida pelos seus “bons professores” e pelo compromisso de melhorar a sua atuação. No entanto, Luís Oliveira alertou para a urgência de aumentar o número de dádivas: atualmente, o concelho regista apenas cerca de 25 dádivas por mil habitantes, quando a Organização Mundial de Saúde recomenda 43. “É fundamental o envolvimento de todos os núcleos das 13 freguesias do concelho, colaboradores e parceiros”, frisou o presidente. Este ano, até junho, já se realizaram 53 sessões de colheita.
No mesmo evento, foi anunciada a conquista da realização do próximo convívio regional, agendado para 23 de novembro, na Ponte do Rol. A associação regressou recentemente de Santa Maria da Feira, onde marcou presença no Dia Mundial do Dador de Sangue, no dia 14 de junho, trazendo consigo a “Guta”, uma mascote em forma de gota de sangue gigante, símbolo da conquista da realização do próximo convívio nacional e internacional, que terá lugar em Torres Vedras em junho de 2026, com a supervisão da FAS Portugal.
Durante um ano, a mascote permanecerá em Torres Vedras e será entregue no dia do convívio à próxima associação organizadora. Luís Oliveira aproveitou a ocasião para deixar um apelo especial aos jovens, destacando a necessidade de renovação geracional entre os dadores.
A ADSTV é também uma das vencedoras do Orçamento Participativo de 2025 da Junta de Freguesia de Santa Maria, São Pedro e Matacães, com a proposta para a aquisição de uma carrinha comercial. A viatura — há muito desejada — será fundamental para promover colheitas e assegurar deslocações, e conta com um apoio de cerca de 11.500 euros da Junta de Freguesia.
Jorge Dias, vice-presidente da ADSTV, destacou que, com o crescimento da população do concelho (que atingiu os 89 mil habitantes), é imperativo também aumentar o número de dadores. Joaquim Silva, presidente da Assembleia Geral da ADSTV e da Federação das Associações de Dadores de Sangue, reforçou esse apelo, sublinhando que o trabalho da associação envolve mais de 60 colheitas anuais apenas na cidade, e conta com mais de 40 parceiros.
Joaquim Silva alertou ainda para a grave situação vivida em 2023, quando se registou uma inédita falta de sangue a nível nacional, situação atribuída a falhas no Instituto do Sangue. Apesar de algumas melhorias, o cenário ainda exige atenção. Hoje, o número de dádivas ronda as 30 por mil habitantes — longe da meta ideal — e o perfil do dador habitual está envelhecido, entre os 48 e 50 anos, o que acentua o desafio futuro. “Há 75% de probabilidade de cada um de nós vir a precisar de sangue ou de um componente sanguíneo ao longo da vida”, lembrou.
Por fim, Joaquim Silva recordou o compromisso assumido pela Câmara Municipal de Torres Vedras de erigir, até 2026, um monumento ao dador de sangue num local nobre da cidade — promessa que, com a aproximação das eleições autárquicas, a associação quer ver cumprida.