Ad Hominem – 46 anos depois
Os ataques pessoais, repletos de mentiras, suspeitas e insinuações, a que o Primeiro-Ministro Luís Montenegro tem sido sujeito nas últimas semanas, fazem lembrar a campanha de 1979, com Francisco Sá Carneiro. Uma campanha que não vivi, mas cujos relatos orais e documentais conheço bem, e cujas semelhanças são óbvias: à falta de capacidade do PS discutir as políticas, ataca, com suspeições e lama, o político.
A moção de confiança apresentado pelo Governo revelou-se absoluta e estritamente necessária perante a lama lançada por Pedro Nuno Santos (PNS). Esta é (foi) a oportunidade para o PS dizer se está do lado da responsabilidade ou se pretende levar o País a eleições. À hora a que escrevo tudo indica que o PS irá juntar-se ao Chega e à extrema-esquerda para derrubar o governo e provocar eleições. Os rostos da instabilidade serão estes. E não há narrativa que possa alterar a verdade dos factos, pois ao PS basta abster-se para evitar que os portugueses sejam novamente chamados às urnas.
Mas vamos ao “caso”. Nunca um Primeiro-Ministro foi tão transparente quanto à sua vida. Fica mesmo a pergunta: que questão ficou por responder? Queriam saber os clientes? Já sabem. Queriam saber os valores? Já sabem. Queriam saber se havia colaboradores na empresa? Já sabem. Não há uma só ilegalidade apontada! Não há uma só questão por responder!
Ainda assim, não é suficiente, dizem! São duas as “grandes suspeitas”. A primeira é de que o Primeiro-Ministro ainda trabalha na empresa. É tão absurdo e ridículo que até custa comentar. Alguém com um mínimo de seriedade e noção do que é a vida de um primeiro-ministro acha que Luís Montenegro está em part-time no Governo e ainda “faz uma perninha” numa empresa? A segunda foi verbalizada de forma indigna por PNS, cujo trabalho como governante ficou marcado pela impulsividade das decisões que não duravam mais de 24h e pelas indemnizações ilegais e não justificadas que atribuía. Disse o ainda líder do PS: “temos de ter a certeza que o Primeiro-Ministro não ficou a dever favores”.
É preciso sempre desconfiar dos desconfiados! Mas vamos à questão. Também aqui a confiança na seriedade e na defesa do interesse público por parte do Primeiro-Ministro são à prova de bala. Passou despercebido (é matéria para outra reflexão) na comunicação social a informação dada pelo PM sobre uma decisão deste Governo que poupou 18 milhões de euros aos contribuintes portugueses.
O Governo liderado por Montenegro recorreu de uma decisão do tribunal arbitral (acordado pelo anterior Governo) que atribuía uma indemnização de 18 milhões de euros à Solverde. O Estado ganhou o recurso no Supremo Tribunal Administrativo e a Solverde perdeu 18 milhões de euros. É precisa maior prova da isenção e da defesa do interesse público deste Governo e deste Primeiro-Ministro?
Caros amigos e conterrâneos, Luís Montenegro a quem comentadores e algumas outras sumidades diziam nunca chegar a Primeiro-Ministro revelou sempre a fibra de um líder. Disse que só Governaria se ganhasse as eleições. E assim foi. Disse ainda que iria transformar Portugal. E está a fazê-lo. É isto que verdadeiramente incomoda uns quantos!
Confio muito no povo português, na estabilidade que pretende e no julgamento que faz. Tal como em 1979, o povo dará a resposta, premiando a coragem e a determinação de uns e penalizando a política da lama e suspeição de outros.