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Concerto "Grandes Quartetos I" no âmbito da "Temporada Darcos"

No âmbito da “Temporada Darcos”, o Centro de Apoio Social de Runa acolhe no próximo dia 20 de junho, pelas 21h30, o concerto Grandes Quartetos I.

4 min de leitura
Imagem ilustrativa: Concerto

O programa desse concerto, que será levado a cabo pelo grupo de música de câmara Ensemble Darcos, é o seguinte:

I. Stravinski (1882 – 1971)
Três peças para quarteto de cordas

A. Pinho Vargas (n. 1951)
Quarteto de cordas N.º 3

C. Debussy (1862 – 1918)
Quarteto de cordas em sol menor, op. 10

I. Animé et très décidé
II. Assez vif et bien rythmé
III. Andantino, doucement expressif
IV. Très modéré – Très mouvementé et avec passion

 

Relativamente à primeira obra do programa, é de referir que a mesma foi escrita no alvor da I Guerra Mundial, tendo sido concluída em setembro de 1914 e estreada a 8 de novembro do ano seguinte, em Chicago. Viria a ser revista em 1918 e publicada em 1922. Miniaturas estanques, com um vocabulário musical que hoje denominaríamos de minimalista, pela concisão de recursos apresentados, as Três Peças para Quarteto de Cordas de Igor Stravinsky (1882-1971) exploram as possibilidades tímbricas dos instrumentos de corda. A primeira peça assenta numa nota pedal, qual sanfona, e numa melodia evocativa do folclore russo. A segunda peça é inspirada na atuação do palhaço de music hall inglês, Little Tich (1867-1928), com padrões fragmentados e os pizzicati, qual gargalhadas. O último andamento é de pendor elegíaco, canto litúrgico obscuro e dissonante.

Já o Quarteto de cordas n.º 3, de António Pinho Vargas (1951), resulta de uma encomenda do Instituto Superior Técnico, tendo aí sido estreado, pelo Quarteto de Cordas de Matosinhos, no âmbito do 37.º Festival de Música do Estoril, a 12 de julho de 2012. Nas palavras do compositor, cada peça constitui um “estar-lançado”, baseando-se na “liberdade do ato criativo” como “gerador dos materiais e organizador, tanto das suas relações, como da forma”. Tal como faz questão de sublinhar, “o percurso narrativo ou discursivo de cada um dos dois andamentos da peça” constituem uma “metáfora comum”, um percurso da ordem para uma “certa forma de caos”, convidando cada ouvinte “à perceção sensível”.

Relativamente à última obra do concerto Grandes Quartetos I, uma obra seminal do impressionismo europeu, refira-se que em agosto de 1893, Claude Debussy (1862-1918) escrevia ao seu amigo André Poniatowski: “Penso que, finalmente, te posso mostrar o último andamento do quarteto, que me tem atormentado desde há muito”. Tendo demorado alguns anos a ser escrito, o Quarteto de cordas em sol menor, op.10, L91 viria a ser estreado na Salle Pleyel de Paris a 29 de dezembro de 1893 pelo prestigiado quarteto do violinista Eugène Ysaÿe (1858-1931), a quem a obra é dedicada. Audaciosamente revolucionário, Debussy reconfigurou a canónica arquitetura musical germânica, dela fazendo tabula rasa, baseando-se no princípio cíclico temático-motívico, assente em variações e subtis transformações harmónicas, ao longo de toda a obra. No Quarteto de cordas em sol menor, op.10, L91 o tema do primeiro andamento é a base dos diversos componentes temáticos da restante obra, sendo de destacar o longueurs e sensualidade do terceiro andamento, bem como o ritmo fervilhante do scherzo, numa conjugação magistral de texturas tímbricas.

No concerto Grandes Quartetos I o Ensemble Darcos será constituído por: Gael Rassaert (violino I), Paula Carneiro (violino II), Reyes Gallardo (viola) e Fernando Costa (violoncelo).

Este concerto será também apresentado no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa, no dia 21 de junho, pelas 19h00.

As entradas para se assistir ao concerto Grandes Quartetos I são gratuitas.

Sobre a “Temporada Darcos”


A “Temporada Darcos" constitui-se como uma iniciativa singular no panorama musical nacional, na qual se divulga fundamentalmente a música clássica segundo as suas diversas abordagens e matizes estilísticas, sendo dirigida pelo compositor e maestro torriense Nuno Côrte-Real. Os espetáculos desta temporada são na sua maioria interpretados pelo grupo Ensemble Darcos, um dos mais prestigiados grupos de música de câmara portugueses da atualidade, o qual é dirigido também por Nuno Côrte-Real e apresenta uma formação que varia consoante o programa de concerto. De realçar que têm participado nos concertos da “Temporada Darcos” aclamados solistas e orquestras nacionais e internacionais, bem como proeminentes figuras do panorama musical nacional como comentadores. Sendo coorganizada pela Câmara Municipal de Torres Vedras e pela Darcos - Associação Cultural, a “Temporada Darcos” tem como ponto de partida o concelho de Torres Vedras. Em 2025 tem a sua 18.ª edição.