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Concerto "Camões na Eternidade do Tempo" no âmbito da "Temporada Darcos"

A “Temporada Darcos” prossegue com um concerto que terá lugar no Centro de Artes e Criatividade (em Torres Vedras), no próximo dia 8 de maio, pelas 21h30, denominado Camões na Eternidade do Tempo.

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Imagem ilustrativa: Concerto

O programa deste concerto, que será dirigido por Nuno Côrte-Real e levado a cabo pelo Ensemble Darcos, por Ana Quintans (soprano) e por Vítor D’Andrade (declamação), é o seguinte:

 

N. Côrte-Real (n.1971)

Se misericórdia e amor não vos atara


J. Dowland (1563 – 1626) / Nuno Côrte-Real (n.1971)

Time Stands Still

I. Mr. Sérgio Azevedo’s Prelude

II. “Come again! sweet Love doth now invite”

III. Mr. António Pinho Vargas Pavan

IV. “Flow, my tears”

V. Mr. Artur Ribeiro’s Air

VI. “Awake, sweet love”

VII. Mr. Mats Lidstrom his Fantasia

VIII. “I saw my lady weep”

IX. Sir Christopher Bochmann his atonal transition

X. “Shall I sue”

XI. Mr. Eurico Carrapatoso’s Fugue

XII. “Weep you no more, sad fountains”

XIII. Lady Maria João’s Improvisation

XIV. “Time stands still”

XV. ”I Know not what tomorrow will bring” (Fernando Pessoa’s last written words on the day of his death)

 

Relativamente à primeira obra do programa, é de referir que a mesma baseia-se num poema inédito de Luís de Camões (1524-1580), descoberto por Nuno Júdice, e resulta de uma encomenda que a direção do Mosteiro dos Jerónimos fez a Nuno Côrte-Real para celebrar o quinto centenário do nascimento de Camões. Em Se misericórdia e amor não vos atara, Côrte-Real recupera o soneto homónimo, primeiro recitado, depois cantado, envolto num panejamento musical a seu tempo onírico, apaixonado, tenso, abrupto, pulsante e discordante, num jogo tímbrico de grande lirismo.

Time Stands Still resulta de uma encomenda efetuada também a Nuno Côrte-Real, por parte do Centro Cultural de Belém, para o festival Dias da Música, em 2019. Nesta obra, sete canções do compositor renascentista inglês John Dowland, falecido em 1626, são intercaladas com outros tantos interlúdios instrumentais de Côrte-Real, dedicados a amizades do seu universo pessoal. Como então afirmou “apesar de já estarmos longe desse período da História, há, porém, uma certa melancolia nas entrelinhas do nosso tempo que tornam estas canções vivíssimas”.

Em Time Stands Still a sobriedade de Dowland resplandece em cada canção, contrastantes entre si, ora melancólicas ora animadas, mas sempre expressivas, baseando-se em duas danças em voga na época em que viveu este compositor inglês: a pavana (lenta) e a galharda.

Os interlúdios revelam a pluralidade de Côrte-Real, a inspirada aproximação a universos musicais distintos, numa saborosa simbiose, informal e descomplexada. Da pureza cristalina da música de John Dowland, Nuno Côrte-Real reflexiona e reflete. Não imita, não distorce. A obra Time Stands Still oferece um olhar contemporâneo sobre o antigo. Mas não se confunda contemporaneidade com modernidade. Ambos os autores são modernos, cada um circunscrito a uma contemporaneidade do respetivo tempo histórico. São ambos musicus poeticus na sua mundividência, na sua evasão da realidade, procurando o infinito, o gesto teatral, volvendo numa espiral de tensões e distensões, numa magnificência singelamente natural, sem subterfúgios supérfluos.

Como diz Afonso Miranda, “a obra conclui com uma meditação sobre o mistério do tempo, a imobilidade da mudança, a eternidade”.

No concerto Camões na Eternidade do Tempo o Ensemble Darcos será constituído por: Marina Camponês (flauta), Cândida Oliveira (clarinete), Ana Ester Santos (harpa), Marco Fernandes (percussão), Cristiano Rios (percussão), Hélder Marques (piano), Paula Carneiro (violino), Félix Duarte (violino), Reyes Gallardo (viola), Carolina Matos (violoncelo) e Vanessa Lima (contrabaixo).

O concerto será também apresentado no Pavilhão de Portugal, em Lisboa, no dia 9 de maio, pelas 21h00.

As entradas para se assistir ao mesmo, o qual é coproduzido pela “Temporada Darcos” e pela Universidade de Lisboa no quinto centenário do nascimento de Luís de Camões, são gratuitas.