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Academia Espaço Dança de Torres Vedras: Primeiros finalistas do ensino secundário em regime articulado

A Academia Espaço Dança (AED) de Torres Vedras tem, pela primeira vez, quatro jovens finalistas do ensino secundário em regime articulado, com um percurso completo de formação naquela escola. Alan Silva, Teresa Nair, Sofia Miranda e Ana Beatriz Vieira iniciaram a sua formação artística na AED no 5º ano e agora estão prestes a terminar o secundário, cuja oferta abriu há três anos.

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Imagem ilustrativa: Academia Espaço Dança de Torres Vedras: Primeiros finalistas do ensino secundário em regime articulado

Depois de uma conversa, os finalistas mostram-se convictos de que a carreira artística foi a escolha certa. Dizem-nos que a dança lhes permite ser quem são e é no gesto e no movimento que se encontram no mundo, sem barreiras nem imposições.

Sabem que o futuro “tem de ser muito bem planeado”, para conseguirem desenvolver uma carreira num meio onde as oportunidades são poucas, em Portugal ou lá fora.  Ainda assim, não se deixam dominar pela ansiedade.

Estão quase todos de olhos postos no estrangeiro, em busca de oportunidades e experiências, determinados a enfrentar os desafios do mundo artístico contemporâneo de forma criativa. “Preparamo-los nesse sentido, para serem realistas e, de futuro, construírem as estruturas que são necessárias, para que daqui a uns anos a desvalorização da arte em Portugal não aconteça mais”, sublinha Marta Lobato, bailarina profissional e diretora pedagógica da academia.

Estes jovens passaram por uma formação que “é muito exigente, em termos físicos e mentais, porque têm de gerir muito bem o tempo”, entre a prática diária na academia e o tempo de estudo na Escola Secundária Henriques Nogueira, explica Marta Lobato.

“É puxado, mas é isso que nos faz melhorar. Na dança nós temos sempre de nos esforçar mais do que os outros”, refere Alan Silva. Depois de se licenciar em dança, o jovem finalista “gostava de sair do país. Tenho mais hipóteses de crescer lá fora”. Talvez um dia regresse, mas “por agora não”. De futuro, “vejo-me com uma boa carreira pela frente, porque os homens, como são menos, geralmente têm mais oportunidades”.

Se não fosse o curso especializado em regime articulado na AED, Teresa Nair “provavelmente ia para um curso normal de secundário, que não era o que eu queria”. Agarrou a oportunidade, com a mesma garra com que se preparar para agarrar qualquer outra que surja na área da dança. “Gostava de ser intérprete enquanto sou nova, porque a idade para um bailarino é limitada”, mas não descarta outros projetos ligados ao meio, como ser coreógrafa ou dar aulas em simultâneo. “É um bocadinho aquilo que conseguirmos, porque não temos assim tanta escolha. O sonho seria estar em algum sítio que fizesse espetáculos ao redor do mundo e eu pudesse viajar e sustentar-me financeiramente”.

Depois de um longo percurso no ballet, foi na dança contemporânea que Ana Beatriz Vieira descobriu um lugar onde “é mais fácil as pessoas aceitarem-te como tu és. Podia ser eu, não tinha de ouvir comentários de professores a dizer ‘para de desenhar no caderno, concentra-te’.” Se “lá fora não me sentia bem”, na academia também “foi mais fácil fazer amigos”.

Tem a certeza de que fez a escolha certa, mas, “às vezes é muito difícil. É preciso mesmo muito esforço mental e teres uma grande maturidade para saberes que podes não ser o melhor, mas teres sempre o desejo de melhorar e evoluir”.

Quer “seguir os estudos, ser intérprete e coreógrafa, fazer colaborações com outras pessoas e, se por algum motivo, a dança não for uma carreira com lucros suficiente, fazer outros trabalhos para conseguir manter a minha vida estável, mas seguir sempre na área da arte. Acho que é para isso que estou neste mundo”.

Tal como os colegas, Sofia Miranda está a prestar provas em audições para várias escolas, mas a sua primeira opção é o curso intensivo da Performact, em Torres Vedras. “Depois talvez vá para fora, não pensei bem sobre isso”, e “quando já não tiver capacidade física para continuar a dançar, penso em tirar um curso de técnico de luz e de som. Ao menos que possa continuar num sítio onde esteja confortável”.