A mais santa das semanas
Começa no próximo domingo a Semana Santa. Os estudantes antigos reivindicaram férias nas universidades para poderem celebrar os grandes acontecimentos que mudaram definitivamente a história da humanidade.

Aquele Deus que ninguém vira e tomou carne mortal no seio da Virgem Maria completa o seu abaixamento, ao nível da criatura, submetendo-se ao julgamento dos poderes constituídos, à condenação sem justa causa e à morte degradante, sem dignidade, fora dos muros da cidade. Deu a vida, na humildade, deu Deus, sem reivindicar o seu poder.
A estes factos, que a história prova com lugares, testemunhas, datas que pareciam ter enterrado a esperança de uma sociedade nova, justa e livre, sucedem novos factos, datas, testemunhas, lugares: o Senhor está vivo e apareceu a Simão, contam em Jerusalém; reconheceram-no ao partir do Pão em Emaús; vou para o Pai, mas não vos deixo órfãos, dou-vos o Espírito Santo. A esperança torna-se, em nós, a vida do ressuscitado - Deus dado.
Surpreende-nos que um centurião romano veja, diante daquele rosto desfigurado e morto de Jesus, o que não vira antes: “verdadeiramente este homem era filho de Deus” (Mc 15, 39). Celebramos estes factos não como reposição etnográfica, mas como ação sagrada que nos faz participar na vida do Redentor, ele o permite, assim o permitamos.
No seu abraçar a cruz e dar a vida entendemos e ganha sentido a nossa história e na sua ressurreição ganha sentido e esperança a nossa morte. Nos sacramentos e gestos desta Páscoa celebramos este sentido - a utilidade da nossa Igreja. Mesmo que o iluminismo sem razão, a cultura woke ou hedonista já não queira ver nos sinais o invisível, ou nos queira iludir com os engodos imediatos, ouse-se ao menos perguntar: o que nos trazem hoje estes acontecimentos?
No Domingo de Ramos acompanhamos a entrada, aclamada, de Jesus em Jerusalém: Hossana, ó filho de David! por muitos dos que, manipulados, vão gritar: à morte! Crucifica-o! Também hoje.
Na Quinta-feira Santa, de manhã, na Catedral consagra-se o Santo Crisma e benzem-se os óleos para os catecúmenos e para os enfermos, ministros renovam a sua entrega no sacramento da ordem, em concelebração eucarística.
À tarde introduzem-se os óleos na Igreja paroquial e celebra-se a Ceia do Senhor, em antecipação sacramental do que viria a ser a sua entrega plena de corpo e espírito; reproduz-se simbolicamente o rito do lava-pés, o Senhor ajoelha-se diante dos pecadores. Manda-nos fazer o mesmo.
Na Sexta-feira Santa participamos na Paixão, Morte e Sepultura do Senhor, continuada também nos membros do seu corpo. Adoramos o madeiro da Cruz no qual esteve suspensa a salvação do mundo. E à noite prolongamos a memória dos últimos passos de Jesus pelas ruas da cidade.
No Sábado Santo, dia do grande silêncio, o Senhor baixou à morada dos mortos, para renovar com a Sua vida tudo o que pertencia à morte.
Chegamos à solene Vigília Pascal: a Luz de Cristo ilumina a terra inteira; a culpa mereceu o Redentor; a nossa história é contada; nascemos no Batismo filhos adotivos e renovamos as promessas batismais; desce sobre nós o Espírito; e, à volta do altar, comungamos não já um cordeiro de sacrifício em recordação, mas Aquele que se deu em alimento: é o Meu Corpo, tomai e comei, o verdadeiro cordeiro descido do Céu para tirar o pecado do mundo.
Horários das celebrações
Domingo de Ramos (13 de abril): horário e locais habituais ao domingo e véspera;
Quinta-feira Santa (17 de abril):
- Missa do Crisma - Sé de Lisboa 10h;
- Celebração da Ceia do Senhor: 19h15, seguida de adoração.
Sexta-feira Santa (18 de abril):
- Ofício de Leituras e Laudes: 10h - Igreja de São Pedro;
- Celebração da Paixão do Senhor: 15h - Igreja da Graça;
- Via Sacra: 21h - Ruas da cidade.
Sábado Santo (19 de abril):
- Ofício de Leituras e Laudes 10h - Igreja de São Pedro;
- Vigília Pascal - 22h - Igreja da Graça.