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Reabilitação da ETAR de Torres Vedras arranca com investimento de 5,5 milhões de euros

Foi apresentado no passado dia 8, nos Paços do Concelho de Torres Vedras, o projeto de empreitada de conceção-construção para a reabilitação da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Torres Vedras, agora designada como Fábrica de Água.

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Foto: Ana Alcântara
Foto: Ana Alcântara

A sessão contou com a assinatura do contrato entre a Águas do Tejo Atlântico e a empresa Omatapalo – Engenharia e Construções, responsável pela execução da obra.

Com um investimento de 5.584.151,46 euros e um prazo de execução de 794 dias, a intervenção deverá estar concluída no terceiro trimestre de 2027. Esta nova infraestrutura servirá uma população estimada de 63 mil habitantes, substituindo a atual instalação com 20 anos de funcionamento.

A Fábrica da Água representa um salto qualitativo, incorporando soluções inovadoras que permitem tratar águas residuais domésticas e industriais, minimizar odores, reduzir custos energéticos e aumentar a resiliência e sustentabilidade da infraestrutura.

Nos anos seguintes à entrada em funcionamento da ETAR, o município deu prioridade ao prolongamento da rede e à separação das redes de águas residuais e pluviais. Um estudo realizado em 2018 revelou que, em tempo húmido, o volume de caudal era duas vezes superior ao registado em tempo seco. Para corrigir esta situação, estão a ser construídas três câmaras de controlo de caudal na zona urbana de Torres Vedras, com entrada em funcionamento prevista para 2026.

A colaboração de cada cidadão é também essencial, nomeadamente através da correta ligação das redes prediais. Em paralelo, decorre até 2026 o Plano AgIR, uma iniciativa conjunta da Águas do Tejo Atlântico para a gestão eficiente das águas residuais industriais na Grande Lisboa e Oeste. De Torres Vedras integram-se 20 empresas, duas das quais já distinguidas com o selo AgIR.

Segundo Nuno Brôco, presidente do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico, esta requalificação representa a transição por três gerações de ETAR, assinalando o forte avanço tecnológico do setor. Lembrou que a primeira ETAR era extensiva, com lagoas e odores frequentes. A evolução chegou em 2005, mas os problemas persistiram. Agora, com esta nova Fábrica de Água, assiste-se a uma verdadeira transformação: instalações mais compactas, automatizadas e sustentáveis, com maior capacidade de tratamento e menor impacto ambiental.

Nuno Brôco destacou ainda a aposta na automatização e na integração de sistemas inteligentes de telegestão, que libertam os trabalhadores para tarefas de maior valor acrescentado. Uma das empreitadas paralelas inclui a instalação de uma central fotovoltaica de 2,5 milhões de euros, atualmente em concurso, que contribuirá para a autonomia energética da infraestrutura.

Está também em desenvolvimento um projeto de valorização de lamas, com parcerias locais, reforçando o compromisso da Águas do Tejo Atlântico com a economia circular e a neutralidade carbónica. Em 2024, a empresa já produziu 25% da energia que consome.

O projeto vai além da reabilitação técnica: visa transformar a ETAR numa verdadeira fábrica de recursos, que não só trata e devolve a água ao rio Sizandro com qualidade ambiental, mas também aposta na reutilização da água tratada para fins agrícolas ou urbanos não potáveis, crucial num território que depende a 100% de abastecimento externo de água para consumo humano.

A presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Laura Rodrigues, sublinhou que esta é a melhor ETAR do concelho e uma obra essencial para o futuro sustentável do concelho, inserida nas comemorações dos 90 anos dos SMAS. “É uma obra muito bem-vinda”, referiu, destacando os desafios de tratar águas, valorizar resíduos e preservar o ambiente.