Oeste é a primeira região inteligente do país
A primeira edição do Oeste Summit decorreu no passado dia 13, na FIL, e reuniu especialistas e decisores políticos para debater o futuro do Oeste em 2050. A conferência foi organizada pela OesteCIM.

Os seis painéis, moderados por Sara Sousa Pinto, debateram a inteligência em áreas como governança, sociedade, qualidade de vida, economia, ambiente e mobilidade, nos 12 municípios do Oeste, nomeadamente: Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras.
Todo os presidentes das câmaras municipais marcaram presença no evento e distribuíram-se ao longo dos vários painéis do dia, deixando claro o trabalho conjunto que tem vindo a ser desenvolvido: “existem 12 presidentes de que estão alinhados à mesma mesa pelas pessoas, independentemente da cor política”, referiu Pedro Folgado, presidente da OesteCIM.
Já existem várias smart cities em Portugal, mas o Oeste decidiu marcar pela diferença e tornar-se na primeira região inteligente do país. Este projeto pioneiro foi desenvolvido em parceria pela Nova IMS e liderado por Miguel de Castro Neto, em colaboração direta com Paulo Simões da OesteCIM.
A Smart Region é uma plataforma de inteligência territorial que, numa abordagem de big data e ciência dos dados, oferece capacidades de recolha, armazenamento, processamento e análise dos dados gerados pelas redes wi-fi públicas dos municípios que, combinados com dados provenientes dos sistemas operacionais e das redes de sensores municipais, permite a construção de uma região de turismo inteligente e sustentável. O objetivo é que possa ser replicada para todas as regiões do país, incluindo Madeira e Açores. Este projeto contribui para diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), fundamentais para o progresso sustentável da região.
O “Passe M” fez do Oeste a primeira região do país com transportes rodoviários gratuitos entre os 12 concelhos e para os títulos combinados com regiões limítrofes, como a Área Metropolitana de Lisboa, o valor baixou para 40 euros mensais. “O passe M não é só um cartão, é uma conquista social”, referiu Paulo Simões, secretário executivo OesteCIM. Ricardo Pinteus, presidente da Câmara do Cadaval, lembrou que é graças a esta medida que “muitas famílias podem hoje assegurar que os seus filhos conseguem continuar a sua formação e seguir para a Universidade”.
Ricardo Fernandes, autarca do Bombarral, considera que esta medida fez com que mais pessoas saíssem de Lisboa, admitindo que há desafios na oferta, relativamente à procura, mas que tal deve ser visto como uma oportunidade para dinamizar ainda mais o Oeste.
“Os pomares estão a transformar-se em eco pomares para assegurar a preservação de mais de 20 espécies de seres vivos”, referiu Jorge Soares, presidente da Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça. A pera rocha enfrenta maiores dificuldades e passou por um processo de regeneração. “Já criámos dois clones para torná-la mais resiliente face aos problemas fitossanitários”, informou Filipe Ribeiro, presidente da Associação de Produtores de Pera Rocha. O presidente da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa lembrou que hoje “a certificação de produtos é outro dos desafios e isso tem sido conseguido no setor dos vinhos, já que 90% dos processos já são automatizados”.
Esta riqueza natural do Oeste é o que explica também o sabor das frutas e do vinho e até das próprias paisagens, agora preservadas no Geoparque Oeste, um dos seis geoparques do mundo reconhecidos pela UNESCO.
Até 25 de março decorreu a única etapa europeia do Campeonato do Mundo de Surf, na praia dos Supertubos (Peniche), uma prova com grande impacto socioeconómico em toda a região, trabalho reconhecido pelo Governo. “Teremos o Mundial de surf em Peniche também em 2026. A realização de provas com esta dimensão é um impulso para o turismo, um setor que gera 27,6 mil milhões de euros, o equivalente a um PRR e meio por ano”, anunciou Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo.
A presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Laura Rodrigues, integrou o painel dedicado ao tema “Ambiente Inteligente”, onde foram discutidas estratégias para tornar o Oeste uma referência em sustentabilidade e inovação ambiental. José Alberto Quintino, presidente da Câmara do Sobral de Monte Agraço, referiu-se em particular à Rota Histórica das Linhas de Torres.
O encerramento foi marcado por uma homenagem póstuma a Carlos Bernardes, antigo presidente da Câmara de Torres Vedras, um momento onde foi destacado o espírito de união entre os 12 municípios do Oeste.