No passado feriado do dia 1 de maio, Mariana Casaleiro, uma jovem de apenas 14 anos, natural da Freiria, e o seu pai, embarcaram numa aventura notável: atravessaram Portugal de bicicleta, de Oeste para Este, num só dia. O percurso, com partida na Freiria e chegada a Badajoz, totalizou 255km e durou mais de 15 horas, entre as 6h e as 21h30.
A jornada passou por localidades como Alenquer, Vila Franca de Xira, Coruche, Mora e Elvas, tendo como objetivo não apenas o desafio físico, mas também a criação de uma memória inesquecível entre pai e filha. “Queríamos algo marcante, pessoal, algo que fosse só nosso. E esta travessia foi isso mesmo”, afirma o pai, que já em 2021 acompanhara a filha também numa jornada excecional de 120km até Fátima, quando ela tinha apenas 11 anos.
De frisar que a Mariana não tem por hábito andar de bicicleta e prefere muito mais andar de moto. Por isso, para a “pôr a mexer”, o seu pai propôs-lhe há cerca de 2 meses um acordo saudável: quilómetros de bicicleta dão direito a quilómetros de moto. Tal motivou a jovem para quatro voltas de bicicleta (a maior delas foi de 100km) que viriam inconscientemente a tornar-se treinos prévios para esta jornada maior.
Assim, e apesar do vento contra e do frio que se fez sentir nos primeiros 100km, a dupla não desistiu. A fase mais crítica foi a meio do percurso, na zona de Coruche, com muito trânsito de veículos e calor. O cansaço começou inclusivamente a afetar a comunicação entre ambos. “Ela ficou em silêncio e visivelmente cansada. Mas nunca pensou em desistir”, partilhou o pai, orgulhoso.
A partir de Mora, e com mais da metade do percurso feito, o espírito da dupla começou a recuperar, mesmo apesar de o percurso ser maioritariamente ascendente. A beleza das paisagens alentejanas, com campos floridos e gado em pastagem livre, ajudou a restaurar o ânimo e a tornar o esforço mais leve. Já perto de Elvas, com o dia a escurecer, a motivação era visível nos olhos de Mariana, que pedalava com renovado entusiasmo.
A chegada a Badajoz foi feita já de noite, com algumas dificuldades adicionais devido à fraca visibilidade e ao estado da estrada. Ainda assim, pai e filha terminaram a jornada com sucesso, celebrando junto à Torre da Puerta de Palmas, um dos pontos emblemáticos da cidade espanhola, sem esquecer de ligar para os avós que estavam naturalmente preocupados.
O pai admite que este desafio também foi uma lição pessoal: “Recordo sempre nestes momentos a reação tola que tive quando soube que ia ter uma filha. Tive o receio de não poder partilhar com ela certos desafios. Hoje vejo, uma vez mais, que Deus fintou-me com mestria e me deu esta filha com mais força e resistência do que eu alguma vez esperei”.
Segundo o Diogo Casaleiro, para além de um episódio de superação, esta jornada foi principalmente de transmissão de ensinamentos pela prática, demonstrando que, no desporto e noutras vertentes da vida, “devagar se vai ao longe” e que, apesar das dificuldades que surgem e independentemente da idade e do sexo de cada pessoa, há sobretudo que querer, focar e trabalhar para os objetivos.
