Saltar para o conteúdo principal

Conferência refletiu sobre censura, inteligência artificial e direitos de autor

No passado dia 7, a Biblioteca Municipal de Torres Vedras acolheu uma conferência dedicada aos desafios contemporâneos da criação artística, com especial enfoque na influência crescente da Inteligência Artificial (IA), nas novas formas de censura digital e nas implicações legais e éticas associadas aos direitos de autor.

2 min de leitura
Foto: Ana Alcântara
Foto: Ana Alcântara

O evento foi promovido pela CLICANDO – Associação Cultural, com o apoio da Câmara Municipal de Torres Vedras e em parceria com instituições como a Associação Ephemera e a Sociedade Portuguesa de Autores.

A sessão contou com a moderação de Carlos Ferreira e Venerando Matos e com a participação de oradores como o historiador José Pacheco Pereira, representante da Associação Ephemera; Carlos Pessoa, representante da Sociedade Portuguesa de Autores e ex-jornalista do jornal Público; Álvaro de Matos (historiador/arquivista) e Rui Alves Sousa, da Antena 1.

Estes intervenientes abordaram diversas problemáticas ligadas à produção artística num mundo cada vez mais mediado por algoritmos, motores de busca e redes sociais.

Pacheco Pereira alertou para os perigos da censura atual, mais silenciosa e invisível, mas ainda assim eficaz na manipulação da informação. Recordou as práticas de censura do Estado Novo para demonstrar como a manipulação da verdade pode assumir diferentes formas consoante os tempos.

Carlos Pessoa reforçou a importância de proteger os criadores, salientando que tanto a internet como a Inteligência Artificial colocam em risco a dignidade dos autores e a sustentabilidade das indústrias culturais, como o cinema. Rui Alves Sousa acrescentou que vivemos numa era de manipulação emocional, onde os algoritmos promovem bolhas sociais e reforçam narrativas parciais, o que representa uma forma moderna e preocupante de censura.

Durante a conferência, também se discutiu o potencial da IA como ferramenta de apoio à investigação e à criatividade, mas com alertas claros sobre os riscos da sua utilização sem uma reflexão ética adequada.

Álvaro de Matos destacou a capacidade da IA para facilitar o acesso à informação, mas também advertiu para os perigos de uma censura algorítmica, onde os conteúdos são filtrados de forma quase impercetível, condicionando o pensamento crítico.

Este evento integra um conjunto de iniciativas que decorrem até ao dia 21 de junho e que celebram o trabalho de banda desenhada de João Sarzedas e a 10.ª edição do fanzine organizado pela CLICANDO. No dia 21, está agendada uma visita guiada às exposições, pelas 16h30, seguida de uma tertúlia com autores e editores de BD portuguesa, às 17h30, na Cooperativa de Comunicação e Cultura.

O ciclo de atividades pretende fomentar uma reflexão crítica e participativa sobre o futuro da criação artística e os desafios éticos e sociais colocados pela tecnologia, num tempo em que a fronteira entre humano e máquina se torna cada vez mais ténue.