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Caixa Agrícola de Torres Vedras celebrou 110 anos de atividade

A Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras assinalou, no passado dia 5, o seu 110.º aniversário com uma cerimónia solene que decorreu no Centro Pastoral de Torres Vedras, contando com a presença de destacadas figuras da vida pública nacional, nomeadamente do Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno. Marcelo Rebelo de Sousa também tinha confirmado a sua presença, mas a tomada de posse do novo governo, obrigou-o a cancelar o convite à última da hora. Ainda assim, o Presidente da República enviou um vídeo a felicitar a instituição.

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Foto: Ana Alcântara
Foto: Ana Alcântara

O evento, marcado por momentos culturais e institucionais de grande significado, reafirmou o compromisso da instituição com os princípios do cooperativismo, a valorização do território e o serviço à comunidade.

No centro da cerimónia estiveram as palavras do presidente da Caixa, Manuel Guerreiro, cuja intervenção emocionou e inspirou os presentes. Com um discurso profundamente enraizado nos valores humanos e na missão da banca cooperativa, Manuel Guerreiro evocou o espírito dos fundadores da instituição, que em 1915 criaram um banco mutualista movidos pela necessidade de dar acesso ao crédito e à poupança de forma justa e solidária. “As árvores não vivem sem as suas raízes”, afirmou, recordando que a instituição nasceu do esforço coletivo de catorze membros da comunidade de Torres Vedras.

Destacando que os sete princípios de Rochdale continuam mais atuais do que nunca, Manuel Guerreiro defendeu um modelo de governança assente na democracia interna, na sustentabilidade social e ambiental e na valorização das pessoas. Sublinhou ainda que a Caixa tem apresentado, ano após ano, resultados financeiros sólidos, com destaque para os mais recentes: um lucro superior a 8,5 milhões de euros em 2024, ativos acima de 700 milhões de euros e um rácio de solvência de 51%, muito acima da média do setor bancário nacional. “Mas os nossos resultados não se medem apenas em números”, sublinhou, acrescentando que “o nosso verdadeiro objetivo é transformar valor financeiro em valor social”.

A sua intervenção destacou igualmente a forte aposta da instituição na educação e na inclusão. Desde 2023, a Caixa tem promovido ações de literacia financeira e empreendedorismo nas escolas do concelho, envolvendo alunos e professores na construção de uma cultura económica mais consciente e participativa. O presidente fez questão de referir o apoio contínuo a instituições de cariz social e a integração de jovens oriundos de diferentes países, como o Brasil, a Ucrânia e o Afeganistão, que hoje fazem parte da equipa da Caixa. “É para isto que serve uma Caixa de Crédito Agrícola”, repetiu várias vezes, como um refrão que sintetiza a missão do banco: servir a comunidade, honrar o passado, agir com responsabilidade no presente e preparar um futuro inclusivo e sustentável.

A cerimónia integrou ainda o lançamento do livro “Portugal e a Invenção de um Mundo Novo”, da autoria dos professores Rodrigo e Tiago Sobral Cunha, uma reflexão sobre a identidade portuguesa e o papel histórico do país na construção de pontes culturais e civilizacionais. O evento ficou também marcado pela estreia do espetáculo “Que Ventos São Estes?”, uma criação artística de João Gil e Luís Osório, com encenação de Rita Calçada Bastos e interpretação de Miguel Tapadas ao piano. Com lotação esgotada, o espetáculo cruzou música e palavra para evocar a memória coletiva e o espírito de pertença que marcam a história da região e do país.

Manuel Guerreiro terminou a sua intervenção com um apelo à esperança, à solidariedade e à ação comunitária.